sábado, 23 de abril de 2011

Sobre a vida e suas perdas...



Não esperem posts rotineiros, nem um grande compromisso meu com este blog. Eu só queria liberar o que eu estou sentindo, e pra mim nada melhor do que me expressar através das palavras que são tanto charmosas, quanto enigmáticas.
É engraçado como o ser humano, no apogeu da sua racionalidade, não consegue ainda lidar com a perda. Os animais, como seres irracionais que são, lidam tão bem com o não ter mais que são até invejados por alguns seres do topo da cadeia. Por mais que a morte faça parte da ordem natural das coisas, nós nunca estamos preparados pra chegada dela. Ela, por mais que esperada, chega sempre de surpresa. E não importa a idade da pessoa “escolhida”, a morte destrói sonhos e planos, e aquela pessoa sempre tinha algo mais que queria fazer. 
A sabedoria popular diz que depois de morrer todo mundo era bom, mas hoje, a pessoa que partiu de fato era. Caráter inigualável e amor sem limites, adjetivos facilmente aplicáveis a você padrinho/pai Gomes/pai 2. Eu tinha dois pais, e isso sempre foi o máximo até que você se foi, e eu fiquei aqui, com um pai apenas, que vale por um milhão, mas ainda sim o time ficou bastante desfalcado. Em um momento como esse, o silêncio substitui dignamente qualquer palavra que pode ser dita.
Ainda posso sentir o cheiro do perfume forte misturado com cigarro que ele tinha, é como se eu me transportasse pra um passado distante, e ao mesmo tempo bem próximo a mim. Eu era criança, e lembro muito bem de quando eu ouvia Kenny G e Simply Red que ele colocava pra tocar; de quando ele me puxava os meus braços, e me fazia virar de cambalhota no ar; de como ele me tratava, e falava de mim pras outras pessoas; mas principalmente, eu lembro como ele sempre falou comigo e continuou falando até os dias de hoje: Oi Pequenininha! Eu simplesmente adorava quando ele falava assim. E também nunca deixei de chamá-lo do mesmo jeito de quando eu era de verdade pequenininha... Pai Gomes, meu segundo pai... 
Nunca vou esquecê-lo, seu jeito engraçado e brincalhão irradiava qualquer lugar em que ele estivesse. As lembranças que eu tenho dele são as melhores possíveis, as alegrias do cotidiano ficarão em minha memória pra sempre. E onde quer que eu esteja, qualquer música daquele tempo me remeterá à ele, e de como ele gostava de levar à vida, de um jeito alegre e feliz, sem arrependimentos ou repreensões. A vida, na sua efemeridade característica, fez o que faz de melhor, surpreendeu e provou as pessoas para que elas possam tirar alguma boa lição disso. É necessário darmos valor ao que realmente importa, porque depois que perdemos é tarde demais!
                                                            Com amor, de sua eterna pequenininha.